Tiburtino Vicente da Costa, comerciante de Palmeira dos índios, Numa luta corporal, quase morreu.

Manoel Silvestre, volvo Bastião, lhe roubou uns Bodes que matou e dos quais tirou os couros. Certo dia, apareceu na mercearia de Tiburtino, quando ele estava só, e pediu aguardente. Era o momento esperado para a desforra.

• Você rouba meus bodes, mata-os, vende os couros e ainda me vem comprar cachaça?
• Eu não fiz nada disso! Replicou o intrigante.
• E ainda tem coragem de mentir? E tem mais: onde está a bexiga que lhe emprestei?

          A conversa, que começou alterada, tendia para fim trágico. Vendo que suas trapaças haviam sido descobertas, Bastião avançou para matar Tiburtino. Quase tirou-te a vida a punhaladas, pois conseguiu desferir-te nove, ao todo. Tiburtino ainda teve forças para sacar da pistola e com uma só bala atrou no inimigo, que teve morte instantânea. Tiburtino, arrastando-se, estava banhado em sangue. Para sua felicidade, O tiro atraiu curiosos que o acudiram. Limparam-no, ataram algumas das feridas, chamaram os parentes e, como não havia médico na região. Levaram-no às pressas para canhotinho, ao Dr. Butler.

• Vamos ter de opera-lo com urgência, disse ele.
• E quanto vai ser, doutor?
• Deixe-me ver...  Dez mil réis bastam!

             A operação, feita sem anestesia, foi terrivelmente dolorosa. Numa segunda intervenção, o clorofórmio foi usado. Em um ano e 37 dias Tiburtino foi submetido a seis intervenções cirúrgicas.

             Com a tragédia, Tiburtino perdeu tudo. O Dr. Butler passou a sustenta-lo, dando-lhe a feira semanal e pagando-lhe mais o leite que recebia diariamente, até que ficou curado. Só mais tarde, impelido “por uma visão”, como como costumava dizer , aceitou o evangelho.

fonte( bíblia e bisturi – Edijéce Martins Ferreira)

            História de vida de um homem que devido a uma circunstância da vida, veio a Canhotinho em busca de tratamento médico com o cirurgião e missionário Dr. George Williams Butler (Dr. Butler), sendo um dos seus primeiros pacientes. Após sua recuperação, depois de um ano hospitalizado, em tratamento na clínica do Dr. Butler – sendo sua recuperação ser considerada um milagre devido às condições da medicina na época - o Major Tiburtino adotou Canhotinho como sua cidade, participando diretamente do seu desenvolvimento.

          Abriu uma pequena mercearia na Rua Quintino Bocaiúva e graças a sua capacidade como empreendedor, seus negócios prosperaram a ponto, que no local onde hoje é conhecida como Praça de Major Tiburtino, funcionou um comércio bem diversificado, um verdadeiro centro de compra e venda de produtos comercializados produzidos na região, bem como, com lojas de produtos industrializados, armazéns de cereais, açougues, fábrica de bebida; e foi ele o idealizador de uma feira livre que funcionou nas quartas feiras, dando a oportunidade aos produtores locais comercializarem seus produtos.
         

           Mas seus empreendimentos não pararam aí. Além de expandir seus negócios para outras cidades, como Lajedo, Jurema e Calçados. Também tinha a concessão e distribuição exclusiva de dormentes para manutenção do ramal ferroviário Recife-Garanhuns e Recife-Pesqueira, e com a extração de dormentes, sobravam terras de boa qualidade para o cultivo de lavoura que logo eram arrendadas para que as pessoas produzissem, pagando apenas um pequeno tributo pela utilização destas terras, e sem comprometer seu lucro ou investimento, onde na maioria das vezes o próprio Major Tirbutino comprava toda produção para comercializar em seus armazéns. Major Tiburtino aplicou seu capital em várias propriedades e com o espírito de solidariedade, fez doação de vários terrenos para pessoas mais necessitadas.

          Conhecer a casa do Major Tiburtino e trazer esse conhecimento para aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer a trajetória de um cidadão brilhante, trabalhador e honesto com uma capacidade incrível de idealização para diversificar e expandir os negócios, com um excelente talento administrativo, compromissado com o bem comum, sobretudo voltado para o desenvolvimento do seu município. Um homem notável que não usou o seu talento e o poder econômico apenas em benefício próprio, mas também em prol de pessoas que precisavam de apoio e oportunidade de trabalho, pois são muitos os relatos que pude encontrar nesta pesquisa sobre pessoas das mais variadas classes sociais, favorecidas ou não, mas que reconhecem a importância que teve o Major Tiburtino, naquela época e na vida de muitos canhotinhenses. Não é difícil encontrar pessoas hoje que obtiveram sua independência econômica estabelecida graças a oportunidade que receberam com Major Tiburtino. Sua vida foi marcada pela dedicação ao trabalho, família e aos amigos, bem como por ajudar aos mais carentes, pois fazia parte da sua rotina a doação em dinheiro aos necessitados todas as sextas-feiras na sua própria residência. Outro fato me chamou a atenção é que ele sempre foi muito justo, pois mesmo depois do seu falecimento, não deixou nenhum dos seus “moradores”(fator comum na época) desamparados; pois todos receberam indenizações em forma de quinhões (pedaços) de terra ou moradias.1916  exerceu o cargo de Conselheiro Municipal (cargo equivalente a Vereador), recebeu a Comenda de Major da guarda Nacional conferida pelo Presidente da Republica da época Getúlio Vargas; casou-se com dona Rosenda da Costa Lima, tiveram 09 filhos todos nascidos em Canhotinho. Hoje seus familiares mais conhecidos no nosso município são Dr. Alexandre Costa e George Nícholas (Nunum).
           Tiburtino Vivente da Costa nasceu no dia 24 de agosto de 1882 e faleceu em 08 de março de 1972, deixando para as novas gerações do nosso município a história de uma das personalidades mais brilhantes, influentes e marcantes da sua época na nossa região; respeitado e admirado por todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

fonte(Texto escrito por (Emylle)

Fotos do livro (centenario da independência de 1922, de Batista de almeida e Cícero Siqueira ))